Uma das empresas mais desejadas por estudantes e profissionais - principalmente da geração Y - é o Google. O gigante da internet é conhecido pela informalidade, pelo incentivo às novas ideias e pela flexibilidade que os profissionais alí encontram. No entanto, existe também uma forte cobrança por resultado – assim como em empresas como AmBev ou Coca Cola – só que feita de forma bem mais descontraída.
Acontece que o Google sabe que seu principal recurso são as pessoas – o seu capital humano. E, portanto, investe nisso. Investe tanto que tem um processo de contratação bem diferente - como apresentado na última edição da revista Você/SA, que traz uma ótima matéria sobre a empresa (se você tem interesse pelo assunto, vale a pena comprar). A preocupação com o nível dos novos profissionais é tanta, que até os principais executivos globais da empresa se envolvem no processo.
Aliás, em tudo que li a respeito, há uma unanimidade: é tão alto o nível de exigência que faltam profissionais com o perfil que a empresa deseja. Segundo matéria da Computer World, o Google não busca uma habilidade específica, mas sim inteligência, flexibilidade, capacidade de adaptação e uma vontade muito forte de mudar o mundo. Em suma, quer pessoas com espírito empreendedor.
Portanto, se você sonha em trabalhar lá, ou deseja aprimorar a forma como sua agência ou empresa realiza contratações, conheça abaixo como funciona o processo de seleção, que, segundo Deli Matsuo, executivo de RH do Google para a América Latina, tem percentual de erro abaixo de 1% - algo impensável na maioria das empresas. Vamos lá...
1 - Origem dos candidatos
Mais de 50% dos contratados são indicados pelos profissionais do próprio Google. A outra metade é ocupada por gente que consulta a internet, olha as vagas que estão abertas e encaminha o currículo online. As vagas, que são muitas aqui no Brasil (o Google tem sua sede comercial em São Paulo e sua área de desenvolvimento aqui em BH), podem ser encontradas aqui e aqui.
2 - Análise inicial do currículo do candidato
O Google avalia a faculdade que o candidato cursou (ou cursa), os cursos extras que fez e quais atividade extracurriculares participou. Aqui, uma dica que vi em várias das matérias que consultei: essas atividades paralelas tem um peso enorme. Portanto, se você toca em uma banda, pratica surf, fez um curso rápido de gastronomia ou passa seus finais de semana ensinando crianças carentes a ler, dê a elas o destaque merecido. Isso pode fazer a diferença. Experiência prévia tem peso apenas para profissionais mais rodados. Para recém formados, isso não é levado em consideração. Também vale a pena deixar explícito no currículo como o seu curso universitário vai contribuir na área que deseja seguir dentro da empresa. Portanto, é necessário saber exatemente em qual área deseja atuar.
3 – Entrevista telefônica
É um bate papo com um gestor para saber mais detalhes sobre você, além do que consta no CV. A análise é feita em cima de 4 dimensões: experiência profissional, características de liderança, habilidades coginitivas e aderência a cultura do Google. Nessa etapa, você deve demonstrar que sabe trabalhar em equipe e atuar em um ambiente multidisciplinar.
4 – Entrevistas ao vivo
No total, vão de 4 a 8 conversas com ‘Googlers’ diferentes. Esses entrevistadores podem ser desde executivos até profissionais da área em que deseja atuar. Pode durar horas ou até semanas. Em algumas delas, o método de case é utilizado: é proposto um problema ao candidato e espera-se que proponha uma solução. Aqui há alguns exemplos das questões – geralmente inusitadas – feitas nessa fase.
Tudo isso é feito pra avaliar a capacidade de propor soluções criativas, raciocínio lógico e habilidade de se comunicar bem. Você terá que provar ser capaz de lidar com várias variáveis ao mesmo tempo - algo que será comum na prática, quando você estiver trabalhando em uma estrutura sem departamentos e chefias, além de poucos processos. Como nem todo mundo é capaz de se adaptar a isso, existe um cuidado extra por parte do Google.
Logo após, é enviado um relatório sobre cada um dos avaliados ao comitê de admissão.
5 – Avaliação dos comitês
Primeiro, o relatório é enviado ao Comitê de Admissão aqui do Brasil, formado por um grupo multidisciplinar de profissionais da própria empresa. Ele é que vai decidir se você tem ou não o perfil da vaga, com base no relatório que mencionei logo acima. Os selecionados são recomendados ao Comitê das Américas, e se juntam aos candidatos de todo o continente. Mais uma filtragem é realizada. Um parecer sobre os candidatos restantes é enviado ao Comitê Global, formado pelo CEO da empresa, Eric Schimdt outros dos principais executivos mundiais do Google. É aí que as contratações são definidas, seja qual for o cargo. Nesse período, novas entrevistas podem ser solicitadas, via telefone ou presencial. No mais, o processo é sempre o mesmo.
Pra finalizar, vai uma dica de quem está lá dentro há anos:
"Sempre me perguntam como se preparar para o nosso processo seletivo. Além de obviamente dizer que devem conhecer bem os produtos do Google e tentar entender o que vem levando a empresa a ter tanto sucesso, o melhor é não fazer preparação alguma. Seja você mesmo e nós vamos tentar fazer perguntas para as quais você não está preparado." Lars Rasmussen, Head Engineer do Google Australia, em uma entrevista que li na revista Computer World.
Um ótimo desafio, não acham?
Fonte: CHMKT
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